terça-feira, 21 de abril de 2009

Mutirão fundiário vai cadastrar ocupantes de terras da União em 17 municípios do Pará

Ministro Guilherme Cassel (à esq.) e o deputado Asdrubal Bentes (à dir.), em debate na Câmara


Prioridade para a regularização fundiária na Amazônia, prevista pela Medida Provisória 458, será para os 43 municípios que mais desmatam

                BRASÍLIA (Agência Brasil *) - O governo federal quer promover a regularização fundiária na Amazônia e, para tanto, vai iniciar no dia 5 de junho uma série de mutirões para cadastrar os interessados e divulgar as novas regulamentações nacionais, como a Medida Provisória 485 (MP 485), cujo relator é o deputado federal Asdrubal Bentes (PMDB-PA), que visa simplificar o acesso e o andamento desses processos.

 

                De acordo com o diretor de Ordenamento Fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Richard Torsiano, os 43 municípios amazônicos que registram os maiores índices de desmatamento terão prioridade na regularização fundiária.               

                Cada estado da região terá um mutirão, sendo que o primeiro deles será realizado em Lábrea, no Amazonas, que integra a lista elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente sobre os municípios que mais desmatam. 

                 No Pará, os ocupantes de terras federais terão prioridade para cadastramento em 17 municípios: Itupiranga, Marabá,  Pacajá, Tailândia, Altamira, Brasil Novo, Cumaru do Norte, Dom Eliseu, Nova Bandeirantes, Novo Progresso, Novo Repartimento, Paragominas, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu e Ulianópolis.

 

                As ações fazem parte do Programa Terra Legal, promovido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), em parceria com órgãos públicos municipais e estaduais e outros ministérios. Segundo Torsiano, uma grande vantagem da MP 485 é a solução da transferência das terras públicas federais para os municípios. A MP é a última das quatro Medidas Provisórias que trancam a pauta da Câmara dos Deputados. 

Sedes em terras da União
 Atualmente, a Amazônia possui cerca de 172 municípios com sede em terras públicas federais, o que dificulta, por exemplo, a obtenção de investimentos por parte das prefeituras. Além disso, mais de 260 processos com pleito de doação de terra para os municípios estão tramitando no Incra. Para o governo, a importância dessa política de regularização fundiária é ampliar o monitoramento e o controle do desmatamento na Amazônia. 

                “Com as ações previstas, vamos atribuir títulos de posse que ajudarão no mapeamento de cada localidade e permitir que os beneficiados assumam o compromisso com a terra e com o governo brasileiro de respeitar o meio ambiente e não desmatar. Com a MP, ficou mais fácil, rápido e célere transferir as terras públicas federais para os municípios”, disse Torsiano, em entrevista à Agência Brasil. 

                De acordo com o texto original da MP 458, até 2012, a meta do Governo Federal é regularizar 296 mil posses na Amazônia Legal. Imóveis rurais de até 1,5 mil hectares, cujas posses sejam anteriores a dezembro de 2004. Todo o processo envolve uma área de 67,4 milhões de hectares. O relator Asdrubal Bentes estendeu esse prazo até fevereiro de 2008 e incluiu entre os beneficiários pessoas jurídicas, proprietários rurais e servidores públicos não ligados a órgãos fundiários. Para ele, a MP vai ajudar a combater o desmatamento na Amazônia.

                Só no Amazonas, a meta é titular cerca de 10 mil posses até o fim de 2009. Cada estado da Amazônia terá um escritório regional do Programa Terra Legal para desenvolver as questões operacionais do programa. 

                Nos dias 15 e 16 deste mês, gestores públicos dos municípios amazônicos, representantes do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e de outros órgãos ambientais, estiveram reunidos com membros do Incra e do MDA em Manaus e em Porto Velho para participar de seminários técnicos com vistas ao planejamento e à operacionalização das políticas de regularização fundiárias na região. Na próxima semana, Cuiabá e Belém vão sediar outros dois seminários. 

                “Os encontros representam também a preparatória para os mutirões previstos. Durante dois dias de mutirão, os interessados poderão se cadastrar no programa de regularização fundiária, participar de oficinas sobre assistência técnica e de discussões sobre as temáticas relacionadas com técnicos na área de ordenamento fundiário. Após os mutirões, o programa Terra Legal continuará sendo conduzido nesses municípios e em outros municípios da Amazônia onde existe terra federal para ser regularizada”, acrescentou o representante do Incra. 

                Problemas relacionados aos conflitos pela posse de terras também devem ser solucionados com a promoção dessas ações. Para a coordenação nacional do Programa Terra Legal, a regularização fundiária é tida pelo governo como um processo de reconhecimento de direitos. O desafio está no processo de mobilização e de articulação entre os vários órgãos para fazer com que as informações cheguem aos povos mais simples e distantes dos centros urbanos da Amazônia. 

                A mobilização será feita pelos meios de comunicação de massa, com apoio dos movimentos sociais organizados e entidades de classe. A regularização das terras é um direito do cidadão. “Com isso, o governo está resgatando a cidadania dessas pessoas, fazendo com que eles possam entrar numa instituição financeira e consigam acessar seus créditos, tenham segurança jurídica na posse, tenham direito de propriedade resguardado e tenham direito jurídico de ocupar sua terra e, também, até de vender o imóvel. O primordial do Programa Terra Legal é reconhecer os que podem ter as terras regularizadas, conceder os títulos definitivos da posse de terra ou o direito real de uso”, finalizou o diretor de Ordenamento Fundiário do Incra. 

(*) Com informações da assessoria do Deputado Federal Asdrubal Bentes

 

Municípios prioritários para regularização fundiária na Amazônia

Veja abaixo a lista dos 43 municípios que mais desmatam na Amazônia e por onde começará o cadastramento de ocupantes de terras da União para a regularização fundiária acelerada prevista pela Medida Provisória 458:

Municípios que entraram na lista em 2009

Maranhão

Amarante do Maranhão

Mato Grosso

Feliz Natal

Pará

Itupiranga 
Marabá
Pacajá
Tailândia

Roraima

Mucajaí

Municípios que entraram na lista em 2008

Amazonas

Lábrea

Mato Grosso

Alta Floresta

Aripuanã

Brasnorte

Colniza

Confresa

Cotriguaçu

Gaúcha do Norte

Juara

Juína

Marcelândia

Nova Maringá

Nova Ubiratã

Paranaíta

Peixoto de Azevedo

Porto dos Gaúchos

Querência

São Félix do Araguaia

Vila Rica

Pará

Altamira

Brasil Novo

Cumaru do Norte

Dom Eliseu

Nova Bandeirantes

Novo Progresso

Novo Repartimento

Paragominas

Rondon do Pará

Santa Maria das Barreiras

Santana do Araguaia

São Félix do Xingu

Ulianópolis

Rondônia

Machadinho D´Oeste

Nova Mamoré

Pimenta Bueno

Porto Velho

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

 

 

 

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